Muito poucos de nós apreciamos alguma coisa. Temos muito pouca alegria ao ver o pôr-do-sol, a lua cheia, uma bela pessoa, uma linda árvore, um pássaro voando ou uma dança. Nós realmente não apreciamos coisa alguma. Olhamos para ela, ficamos superficialmente entretidos ou excitados, temos uma sensação que chamamos alegria. Mas alegria é uma coisa muito mais profunda, que deve ser compreendida e examinada.
Conforme envelhecemos, embora queiramos apreciar as coisas, o melhor de nós se foi; queremos apreciar outros tipos de sensações – paixões, luxúria, poder, posição. Estas são as coisas normais da vida. Embora sejam superficiais, elas não devem ser condenadas nem justificadas, mas compreendidas e terem seu lugar correto. Se você as condena por serem sem valor, como sendo sensacionais, estúpidas ou não espirituais, você destrói todo o processo do viver.
Para conhecer a alegria a pessoa deve ir muito mais fundo. Alegria não é simples sensação. Requer extraordinário refinamento da mente, mas não o refinamento do ego que junta mais e mais para si mesmo. A pessoa deve compreender esta coisa extraordinária; do contrário, a vida se torna muito pequena, insignificante, superficial – nascer, aprender algumas coisas, sofrer, criar filhos, ter responsabilidade, ganhar dinheiro, ter um pouco de diversão intelectual e, então, morrer.
Krishnamurti